
Porque tem uma coisa que me irrita: é a incapacidade da maioria dos homens em ficar quieto quando vê uma mulher na rua. Basta praticamente qualquer mulher bonita ou arrumada passar por eles que dá-lhe uma saraivada de gemidos, grunhidos, onomatopeias, frases bregas e de mau gosto. Além disso, eles parecem julgar esse “costume social” como um direito divino, porque não aceitam contestação por parte das moças. Afinal, você já experimentou voltar quando um homem te canta na rua e dizer à ele que você não gostou e que isso é uma falta de educação? Ou mesmo, já mandou que eles fossem à merda como resposta? Se sim, você já constatou a teoria do Direito Divino das Cantadas. Porque sabe como é, a liberdade das mulheres nunca é completa e indiscutível. Podemos votar? Sim. Podemos ser advogadas? Sim. Policiais? Sim. Mas gritar...bem... isso lá não é coisa que caia bem à nossas finas pessoas femininas. De "princesas" e "gostosas", passamos logo pra "vadias" e "mal-comidas" em um piscar de olhar. Moça, tudo tem limite nessa vida! Então não force o dos meninos, ok? Porque os homens podem falar o que quiserem, onde quiserem, na altura que quiserem. E é essa percepção de vida, que basicamente respalda a propriedade masculina à cantada. O direito de interferir na mobilidade feminina em vias públicas.

Um dos problemas é que o sujeito que te canta pensa que ele é o único do dia. Mas a verdade é que quando você sai de casa parece mais um corredor polonês de gracinhas. Você passa pelo bar: fiu-fiu. Passa pelo mecânico: fiu-fiu. Passa pela obra: fiu-fiu. Isso quando homens avulsos nos pontos de ônibus, filas de supermercado, janelas de carros não ficam te olhando fixamente, te avaliando de cima à baixo. Parece a porra de uma conspiração para te encher o saco e você faz uma anotação mental e subconsciente de não voltar muito tarde para casa, porque hoje você “está chamando muita atenção” .

Sofie Peeters resolveu gravar o que ouvia dos homens na rua, com uma câmera escondida, em Anneessens, bairro pobre de Bruxelas, onde mora. As horas de gravação viraram o documentário “Femme de La rue”, que ganhou as fronteiras do país e acendeu o debate sobre o tema.
Mas esse aqui é o vídeo mais engraçado que eu já vi sobre o tema!
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