sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Ariana Mendonça: "Ao verme que primeiro roeu"

As entranhas roendo-se. Umas as outras: as paredes se grudam, encostam e separam. Rios de ácido escorrem de mim e por mim. E a vida flui. Volúvel e impassível.

Caminhos estranhos por onde a dor percorre. E se implanta e suplanta, um órgão em mim, um pedaço meu. Um ângulo de dor se forma: singelo e pungente. E toda paz se esvai, fico voltada para a dor, inerte e inquieta em minha cadeira, em minha poltrona, em minha cama.

A vida não para por mim. Ela não espera a dor passar. A dor é quem espera a vida decidir, se vai deixar ficar ou ir. Eu espero pelas duas.

Estou tentando mudar meus hábitos e algo está se modificando de dentro para fora. Penso mudar o que me torno enquanto tento relembrar quem fui. Mas a única que parece vencer nessa batalha é quem sou.

Só ela pode manobrar as ações que vibram em mim. Embora ela não pareça ligar muito para isso. As vezes ela apenas se senta e me olha, esperando que algo seja feito de mim. Por quem e como, nunca saberei.

Acho que é preciso um pouco mais de tempo para que a mente e o corpo, enfim se abracem. E se perdoem por não saber o que fazer de mim.
Ariana Mendonça
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Esse texto é uma homenagem à Gastrite, Um amigo, e ao Brás Cubas, todos eles predecessores da mudança :)


"Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas" (1º prgfo de Memórias Póstumas de Brás Cubas do Machado de Assis)



Um comentário:

  1. A Dr. Gastrite manda em algumas ações quando tem vontade..rsrs.. Resta apenas esperar ela parar com o seu estresse e seguir em frente..kkkk

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