Foi matéria: Médicos defendem aborto até 12ª semana de gestação
Conselhos médicos propõem
que se dê à mulher a opção de parar gravidez
Posição tem respaldo da
maioria dos conselhos de medicina e dá força à reforma do Código Penal em
análise no Senado

Quer se queira ou não, a vida do bebê está
intrinsecamente ligada à vida da mãe, portanto, ela deve ter algum poder de
decisão. As pessoas devem ter o direito de fazer suas próprias escolhas, sem
interferência alheia. Nesse ínterim algumas pessoas talvez me perguntassem: Então
se você decidir que acha correto matar pessoas, você tem o direito de fazê-lo?
Ou: Matar um feto é a mesma coisa que matar uma pessoa? Para a segunda
pergunta eu diria que a resposta depende da definição sobre o início da vida –
e esse assunto ainda não chegou à uma conclusão. Para a primeira pergunta, eu
diria que não creio que matar uma pessoa é o mesmo que cometer um aborto, porque
as pessoas possuem suas vidas de maneira autônomas em relação à mim, ou seja,
se eu não interferir em suas atividades, elas continuarão existindo. Com um
filho é diferente, pois gestar envolve toda uma série de atitudes e mudanças
que nem sempre uma mulher está disposta ou apta a manter.

E para além de todos esses questionamentos
que sempre surgem, o mais interessante é questionar os valores por trás das
defesas de ambos os lados, mas principalmente das opiniões “socialmente aceitas”.
Uma das coisas que achei mais interessante é quando D'Ávila
afirma:
Sim, porque a maioria das
pessoas que são contra o aborto acredita que se o aborto for legalizado as
mulheres o farão indiscriminadamente. Como se fosse um procedimento muito
simples, sem riscos e nada traumático na vida de uma mulher. Seria o mesmo que
supor que só porque existe transplante de coração uma pessoa cardíaca teria um
comportamento de risco. Tenho certeza de que as mulheres que uma vez se
submetem a um aborto, não desejam que ele ocorra de novo. Se não for pelo
altruísmo, garanto que pelo menos por egoísmo as mulheres não se submeteriam a
esse procedimento de forma banal. É óbvio que algumas mulheres se sentem menos
incomodadas com essa possibilidade e se submeteriam várias vezes ao
procedimento, mas com certeza elas não representam a maioria. Logo não podemos penalizar
todas, pela postura de uma minoria.
Um estudo recente elaborado pela
Universidade de Brasília (UnB) e pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(Uerj) com financiamento do Ministério da Saúde traçou o perfil das mulheres
que abortam e descobriu algo revelador. Essas mulheres tem entre 20 e 29 anos, trabalham, são católicas, tem um parceiro estável e pelo menos um filho. Então o que isso significa? Que essas mulheres não são
monstros sem coração que odeiam criancinhas. Mas sim que são mulheres que
não podem arcar com a maternidade por um motivo ou outro, seja ele monetário,
de tempo, ou psicológico. O problema é que os chamados pró-vida entendem que a
mulher “naturalmente” foi feita para ser mãe, e que, portanto devem ser altruístas,
colocando a vida da criança em primeiro lugar, antes da sua vontade,
necessidade e disponibilidade. Mas não, a maternidade é uma escolha emocional
& racional. Ser mãe implica em responsabilidade e doação – logo não
pode ser uma decisão tomada apenas por impulso ou “desejo biológico”. Aqueles
que não reconhecem esse fator prático e racional da vida nem deveriam tentar proteger
os fetos, já que encaram a existência de forma tão simplista e emotiva.
Do outro lado está a declaração
de Soares, que é muito boa para analisar a defesa daqueles que são contra o
aborto. Quando ele diz que:
“Não é uma questão religiosa. Enquanto médicos, entendemos que
nossa obrigação primeira é com a vida.”

E porque Soares atrela a palavra
“vida” apenas aos bebês, como se as próprias grávidas não estivessem vivas?

No final das contas você notou que não tem
nenhuma mulher médica opinando sobre o assunto?
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