domingo, 31 de março de 2013
sábado, 30 de março de 2013
sexta-feira, 29 de março de 2013
Alma - Charles Bukowski
Oh, como eles se preocupam com minha alma!
recebo cartas
o telefone toca...
"você vai ficar bem?"
perguntam.
"ficarei bem", eu lhes digo.
"já vi tantos se afundarem na sarjeta",
eles me dizem.
"não se preocupem comigo", digo.
recebo cartas
o telefone toca...
"você vai ficar bem?"
perguntam.
"ficarei bem", eu lhes digo.
"já vi tantos se afundarem na sarjeta",
eles me dizem.
"não se preocupem comigo", digo.
ainda assim me deixam nervoso.
entro e tomo uma chuveirada
saio e espremo uma espinha do nariz.
então vou até a cozinha e preparo
um sanduíche de salame e presunto.
eu costumava viver de doces baratos.
agora tenho mostarda alemã importada
para passar no sanduíche.
devo estar em perigo
por causa disso.
o telefone segue tocando e as cartas seguem chegando.
se você vive dentro de um armário na companhia de ratos
e come pão velho
eles gostam de você.
você passa a ser um gênio.
ou se você está bêbado
e não pára de gritar
obsenidades
vomitando as tripas no chão
você é um gênio.
mas experimente pagar o aluguel um mês adiantado
vestir um novo par de meias
ir ao dentista
fazer amor com uma garota limpa e saudável
em vez de pegar um puta
e você vendeu sua alma.
ir ao dentista
fazer amor com uma garota limpa e saudável
em vez de pegar um puta
e você vendeu sua alma.
não estou minimamente interessado em perguntar como vão suas almas.
suponho que era o que eu deveria fazer.
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quarta-feira, 27 de março de 2013
Amor Próprio - Ariana Mendonça
Alguns dizem
que os opostos se atraem.
Mas na minha
vida
Esse ditado
nunca colou.
Ando
desejando alguém tão idêntico a mim,
que eu possa
deslizar as mãos pelo seu rosto como quem acaricia um espelho.
Quero me
encontrar olhando em olhos similares,
em olhos que
me refletem,
em olhos que
me possibilitam uma visão ampla de mim.
Acredito que
enfim,
estou de
fato,
de quatro,
irremediavelmente apaixonada
por mim.
Eu me odeio
Eu me amo
Sou
obsessiva
Em todos os
aspectos que me concernem.
E ainda que
solitária,
ou talvez
por isso
Convivo
benzissímo-bem
comigo
mesma.
Apesar das
brigas,
desentendimentos,
contradições
e sérias,
decepções internas.
No fim acabo
sempre voltando para mim. Sem nunca deixar outro alguém entrar.
Uma
solitária!
E eu vos
digo que,
a única
coisa pior do que alguém ser só.
É não ligar
para isso.
Afinal, quem
pode se amar desse jeito:
com tamanha
intensidade,
e desleixo?
Mas se todos
nascem sós,
e sós
voltamos ao pó,
Quem me
garante que eu não arranjei o melhor par,
quando me
escolhi para viver?
Talvez eu
seja a única que enfim não morrerá sozinha,
que será
sepultada não ao lado do seu grande amor,
e sim dentro
dele.
Aquela que
terá mais que a presença,
mas a eterna
devoção,
que nasce
apenas da certeza do comprometimento mútuo.
Sem
polarizações
Ou
separações
como Romeu e
Julieta
o Queijo e a goiabada
ou a metade abandonada da
laranja
No meu final
feliz estará escrito
que eu não
precisei morrer pra viver eternamente com o meu amado
Porque tanto
a minha vida
quanto a
minha morte
sempre
estiveram,
irrevogavelmente sincronizadas à ele.
Um só
coração.
Um só amor.
sábado, 23 de março de 2013
sexta-feira, 22 de março de 2013
Notas sobre o aborto
Foi matéria: Médicos defendem aborto até 12ª semana de gestação
Conselhos médicos propõem
que se dê à mulher a opção de parar gravidez
Posição tem respaldo da
maioria dos conselhos de medicina e dá força à reforma do Código Penal em
análise no Senado
O Aborto é sempre um assunto polêmico. A defesa da vida dos fetos (assim como o machismo) é um discurso arraigado em todos nós, incutido principalmente pela influência das religiões cristãs. Foram séculos vivendo sob o julgo da Igreja e por mais que agora sejamos um país laico ainda restam sérios resquícios de opiniões religiosas permeando as decisões políticas (não me deixa mentir o Marco Feliciano). Não me cabe dizer se o aborto é certo ou errado, porque antes de tudo essa é uma escolha pessoal. E as pessoas devem sentir-se livres para serem contras ou a favor do que quiserem, mas é preciso entender que em um estado democrático o pessoal não pode sobrepujar o coletivo. Não se podem impingir crenças e verdades únicas para um conjunto - que é sempre algo amplo e plural.
Quer se queira ou não, a vida do bebê está
intrinsecamente ligada à vida da mãe, portanto, ela deve ter algum poder de
decisão. As pessoas devem ter o direito de fazer suas próprias escolhas, sem
interferência alheia. Nesse ínterim algumas pessoas talvez me perguntassem: Então
se você decidir que acha correto matar pessoas, você tem o direito de fazê-lo?
Ou: Matar um feto é a mesma coisa que matar uma pessoa? Para a segunda
pergunta eu diria que a resposta depende da definição sobre o início da vida –
e esse assunto ainda não chegou à uma conclusão. Para a primeira pergunta, eu
diria que não creio que matar uma pessoa é o mesmo que cometer um aborto, porque
as pessoas possuem suas vidas de maneira autônomas em relação à mim, ou seja,
se eu não interferir em suas atividades, elas continuarão existindo. Com um
filho é diferente, pois gestar envolve toda uma série de atitudes e mudanças
que nem sempre uma mulher está disposta ou apta a manter.
Acredito que cabe muito menos aos homens
julgarem essa questão. Primeiro, porque eles não sabem nem nunca irão saber
como é estar grávida, logo essa decisão não afeta suas vidas drasticamente. Um
homem pode ter 50 filhos sem ter sua vida alterada, uma mulher jamais. E no
final das contas, o aborto é simplesmente algo que acontece espontânea ou
induzidamente, seja ele legalizado ou não.
E para além de todos esses questionamentos
que sempre surgem, o mais interessante é questionar os valores por trás das
defesas de ambos os lados, mas principalmente das opiniões “socialmente aceitas”.
Uma das coisas que achei mais interessante é quando D'Ávila
afirma:
Sim, porque a maioria das
pessoas que são contra o aborto acredita que se o aborto for legalizado as
mulheres o farão indiscriminadamente. Como se fosse um procedimento muito
simples, sem riscos e nada traumático na vida de uma mulher. Seria o mesmo que
supor que só porque existe transplante de coração uma pessoa cardíaca teria um
comportamento de risco. Tenho certeza de que as mulheres que uma vez se
submetem a um aborto, não desejam que ele ocorra de novo. Se não for pelo
altruísmo, garanto que pelo menos por egoísmo as mulheres não se submeteriam a
esse procedimento de forma banal. É óbvio que algumas mulheres se sentem menos
incomodadas com essa possibilidade e se submeteriam várias vezes ao
procedimento, mas com certeza elas não representam a maioria. Logo não podemos penalizar
todas, pela postura de uma minoria.
Um estudo recente elaborado pela
Universidade de Brasília (UnB) e pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(Uerj) com financiamento do Ministério da Saúde traçou o perfil das mulheres
que abortam e descobriu algo revelador. Essas mulheres tem entre 20 e 29 anos, trabalham, são católicas, tem um parceiro estável e pelo menos um filho. Então o que isso significa? Que essas mulheres não são
monstros sem coração que odeiam criancinhas. Mas sim que são mulheres que
não podem arcar com a maternidade por um motivo ou outro, seja ele monetário,
de tempo, ou psicológico. O problema é que os chamados pró-vida entendem que a
mulher “naturalmente” foi feita para ser mãe, e que, portanto devem ser altruístas,
colocando a vida da criança em primeiro lugar, antes da sua vontade,
necessidade e disponibilidade. Mas não, a maternidade é uma escolha emocional
& racional. Ser mãe implica em responsabilidade e doação – logo não
pode ser uma decisão tomada apenas por impulso ou “desejo biológico”. Aqueles
que não reconhecem esse fator prático e racional da vida nem deveriam tentar proteger
os fetos, já que encaram a existência de forma tão simplista e emotiva.
Do outro lado está a declaração
de Soares, que é muito boa para analisar a defesa daqueles que são contra o
aborto. Quando ele diz que:
“Não é uma questão religiosa. Enquanto médicos, entendemos que
nossa obrigação primeira é com a vida.”
O que ele está tentando dizer? O
que ele caracteriza como vida? O importante é tão somente “gerar” essa vida ou
“mantê-la” no mundo? Gerar é um processo a curto prazo, mantê-la, à longo. Se você
gera e não mantém, o trabalho será em vão. É o que vemos acontecer desde as
favelas do Rio até os paises pobres da África, mães gerando filhos
indiscriminadamente que morrem de fome ou pela violência. Enquanto médico
entendo seu posicionamento em favor da vida, mas nem todas as causas de morte
podem ser evitadas pelos médicos, a pobreza, a violência, a fome – que são as
principais causas de morte entre adolescentes e crianças - não podem ser
combatidas pelos médicos. Enquanto isso, boa parte dos chamados “pró-vida” não
se mostram preocupados em erradicar a fome ou combater a violência (pelo
contrário, geralmente são essas as mesmas pessoas que defendem a diminuição da maioridade
penal). Ou seja, elas não estão preocupada em manter a VIDA enquanto ela está
VIVA do lado de cá, apenas tentam impedir sua MORTE quando está do lado de lá
da PLACENTA. Bem, porque no momento em que o bebê nasce, ele se torna cidadão –
sendo ‘responsável por’ e ‘responsabilidade de’
todos. Mas enquanto está na barriga da mãe é de responsabilidade apenas
dela.
E porque Soares atrela a palavra
“vida” apenas aos bebês, como se as próprias grávidas não estivessem vivas?
Ao meu ver a preocupação
principal deveria ser se a mulher estar APTA a ter filhos. E com “estar apta”
eu entendo como principal a sua própria motivação e vontade de cuidar de
um filho. Sem motivação e vontade não conseguimos gerir nada a longo prazo, desde
um curso, um trabalho até uma família. Logo, quando essas pessoas defendem a
vida em primeiro lugar, eles precisam definir melhor o que entendem como vida e
sua noção sobre a qualidade dessa vida. Quem sabe não seria melhor se eles
utilizassem a terminologia “parto” no lugar? Pois elas se preocupam que o bebê
saia com vida do corpo da mulher, contudo o destino que terá daí para frente
não é tão inquietante. Mas é claro, levantar uma bandeira com a inscrição: “Nossa
obrigação primeira é com o parto”, ia deixar claro que entende-se o corpo da
mulher como mero objeto ou “ponte” - destituída de vontade - do qual o feto se utiliza para crescer e
chegar a esse mundo.
No final das contas você notou que não tem
nenhuma mulher médica opinando sobre o assunto?
terça-feira, 19 de março de 2013
segunda-feira, 18 de março de 2013
É assim que lembram de mim
Adoro quando as pessoas que eu gosto lembram de mim ao verem fotos desse tipo...
Seria pelo estilo vintage da imagem?
Ou pela sua menção à música?
Quem sabe pelo glamour?
Ou talvez porque remeto à uma dama da alta sociedade?
Nããããã... é porque:
Where there's Bud... there's Ariana.
Quem me conhece que me compre, né mano Lipe ;)
quinta-feira, 14 de março de 2013
I feel like it
You know that I'm a crazy bitch
I do what I want when I feel like it
All I wanna do is lose control
But you don't really give a shit
You go, if you go, if you go with it
'Cause you're fucking crazy Rock 'n' Roll
terça-feira, 12 de março de 2013
domingo, 10 de março de 2013
O produto somos nós
“Se não estamos pagando nada, diz um ditado cada vez mais recorrente na rede, é porque o produto somos nós.”
Pedro Doria sobre a internet em Blog da Lola
Aldous Huxley - Admirável Mundo Novo
Comprei esse livrinho pela bagatela de R$12,00 acreditam? Fiquei feliz demais e li bem rapidinho. Aldous Huxley e George Orwell são os melhores quando se trata de escrever livros distópicos. O pior é que em certos aspectos eles acertaram. Tentar prever o que será de nós no futuro não é tarefa fácil, Huxley acredita em um futuro em que o homem é sublimado pelo prazer e felicidade extremos, Orwell acredita justamente no contrário. Mas o ponto que lhes é comum, é justamente no que acredito também: que o ser humano caminha para à fragmentação de si. Continuamos comprando máquinas e investindo no desenvolvimento da ciência e da tecnologia, mas não será possível atingir a perfeição, apenas um mérito relativo. E quanto mais se avança para uma coesão global, mas nos afastamos de nós mesmos, e de nosso componente humano.
* Governar é mais questão de acomodar do que de atacar. Governa-se com o cérebro e com as nádegas, nunca com os punhos.
* Quem é diferente está destinado a ser só e a ser tratado brutalmente.
* Decerto. A felicidade real me parece bem sórdida em comparação às compensações que se encontram na miséria. E sem dúvida a estabilidade não é tão bom espetáculo quanto a instabilidade. E estar contente nada tem do encanto de uma boa luta contra a desgraça, nada do pitoresco de uma batalha contra a tentação, nem de uma derrota fatal pela paixão ou pela dúvida. A felicidade nunca é grandiosa.
* Todos os efeitos tônicos do assassínio de Desdêmona e do fato de ter sido ela morta por Otelo, sem qualquer das inconveniências.
_ Mas eu gosto das inconveniências.
- Nós não gostamos - disse o Dirigente. - Preferimos fazer tudo confortavelmente.
_ Mas eu não quero o conforto. Quero Deus, a poesia, o perigo real, a liberdade, a bondade, o pecado.
_ De fato - disse Mustafá Mond - você reivindica o direito de ser infeliz.
_ Pois bem - disse o Selvagem como um desafio -, reivindico o direito de ser infeliz.
_ Sem falar no direito de se tornar velho, feio e impotente; de ter sífilis e câncer; de não ter o que comer; o direito de ter piolhos e de viver em constante apreensão sobre o dia de amanhã; o direito de contrair tifo, de ser torturado por dores indizíveis de toda a espécie. - Houve um longo silêncio.
_ Eu os reivindico todos - disse afinal o Selvagem.
Mustafá Mond deu de ombros. - Você será bem-vindo - disse.
* Todos os efeitos tônicos do assassínio de Desdêmona e do fato de ter sido ela morta por Otelo, sem qualquer das inconveniências.
_ Mas eu gosto das inconveniências.
- Nós não gostamos - disse o Dirigente. - Preferimos fazer tudo confortavelmente.
_ Mas eu não quero o conforto. Quero Deus, a poesia, o perigo real, a liberdade, a bondade, o pecado.
_ De fato - disse Mustafá Mond - você reivindica o direito de ser infeliz.
_ Pois bem - disse o Selvagem como um desafio -, reivindico o direito de ser infeliz.
_ Sem falar no direito de se tornar velho, feio e impotente; de ter sífilis e câncer; de não ter o que comer; o direito de ter piolhos e de viver em constante apreensão sobre o dia de amanhã; o direito de contrair tifo, de ser torturado por dores indizíveis de toda a espécie. - Houve um longo silêncio.
_ Eu os reivindico todos - disse afinal o Selvagem.
Mustafá Mond deu de ombros. - Você será bem-vindo - disse.
sábado, 9 de março de 2013
Cerejeiras em flor
ººººººººººººººººººººººººººººººººººº
A cerejeira fica pouco tempo florida, por isso suas flores representam a fragilidade da vida, cuja maior lição é aproveitar intensamente cada momento, pois o tempo passa rápido e a vida é curta.
O fruto da cerejeira, a cereja, é considerado o maior símbolo de sensualidade, erotismo e sexualidade, principalmente pela cor vermelha intensa.
O fruto da cerejeira, a cereja, é considerado o maior símbolo de sensualidade, erotismo e sexualidade, principalmente pela cor vermelha intensa.
quarta-feira, 6 de março de 2013
Chorão, hoje quem chora sou eu.
Nem
consigo dimensionar o quanto fiquei triste ao receber essa notícia hoje. Talvez
para a nova geração não signifique nada, mas a banda Charlie Brown Jr. marcou
minha adolescência. Junto com Raimundos marcou uma época em que eu me orgulhava
do rock nacional. Ouvir que o Alexandre morreu é o tipo de noticia que nunca
pensei que ouviria em uma quarta-feira de manhã a caminho do trabalho. De
repente relembrei todos os bons momentos que vivi que foram marcados pelas músicas do
Charlie Brown: aquele rolé de skate, cantar à capela com o irmão no violão,
dançar em frente à Tv sintonizanda na MTV, um beijo roubado na escola, consertar
a bicicleta no quintal, zoeira com os amigos... Tudo isso sob a voz forte e
marcante do chorão, com aquelas sonoplastias vocais que só ele sabia fazer.
Chorão, hoje quem chora sou eu. Vou olhar pro céu azul e lembrar de você, já te
rezei uma prece. Que o céu seja um escritório na praia com muitas rampas pra
você dropar.
UFA! As meninas não podem mijar na rua....
Se você ainda não sabe, a Prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou no dia 26 de fevereiro de 2013 um novo modelo de mictório público. A idéia foi batizada chistosamente de UFA! (Unidade Fornecedora de Alívio). Lá vamos nós fazer aquela análise básica da questão ....partindo das premissas:
1º O esgoto e a
produção de lixo nas cidades está diretamente correlacionada à saúde da
população. Os banheiros públicos nesse contexto configuram-se como uma
necessidade básica para a higiene e o saneamento básico de qualquer cidade
grande, em que o fluxo e o movimento de pessoas é muito intenso.
2º O Rio de
Janeiro é a segunda maior cidade do país economicamente falando e um dos
maiores destinos turísticos do país, com uma população gigantesca para suas
diminutas dimensões territoriais. Os impostos que pagamos aqui são abusivos, e
viver nessa cidade se torna cada dia mais caro.
3º Todos sabemos
que o ser humano tem necessidades fisiológicas. Considerando que a modernidade
exige que passemos a maior parte do tempo em movimento - habitando mais a
cidade do que nossas casas - transfere-se a questão das necessidades
fisiológicas também para o âmbito público.
Portanto, por
mais que esse não seja um assunto atrativo, necessitamos discuti-lo, pois os banheiros
públicos constituem parte do mobiliário urbano. E quanto mais completo se torna
esse mobiliário, melhor é a qualidade de vida da população e a recepção e fruição
dos turistas.
O fato da
Prefeitura começar a pensar sobre isso é ótimo. Mas nós cariocas sabemos que é comum
aqui na cidade maravilhosa, tudo ser concebido de maneira simplista e
descuidada - de forma a cumprir tabela ao invés de atingir o objetivo. A começar pelo
próprio nome do projeto (UFA!- Unidade fornecedora de alívio) subtende-se que o
assunto não é levado à sério. Mictório a céu aberto, sem porta e pia, isso não
pode mesmo ser sério. Gastar R$ 19 mil nessa empreitada, menos ainda. A
desculpa velada que fica bem clara é de que o carioca é um vândalo, não pode
ver nada bonito que estraga, isso fica claro na fala de Marcus Belchior (secretário
municipal de Conservação e Serviços Públicos):
"Escolhemos a Central do Brasil para a fase de
testes, pois há pouca utilização do espaço público. Também poderemos impedir
ações delituosas, já que as pessoas podem ser vistas. A principal dificuldade
relativa a banheiros públicos é a questão da operação. Esse é um modelo que deu
certo na Europa e nos Estados Unidos. Se for bem avaliado, apresentaremos um
projeto executivo para toda a cidade”.
Ao meu ver essa
justificativa é fraca e simplista, pois são vários os casos de ambientes que
por serem bem-construídos e conservados, instigaram a noção de pertencimento do
espaço e, portanto o cuidado por parte da população. Também faz parecer que a
cidade do Rio é tão pobre que não pode investir em um projeto um pouco melhor.
Em terceiro
lugar, podemos inquirir que a unidade de alivio busca “aliviar” apenas a
parcela masculina da população, já que nós mulheres continuamos desguarnecidas
nesse aspecto. Ainda segundo Marcus Belchior esse mérito
se justifica pelo demérito dos homens:
"Banheiros
públicos são uma necessidade da cidade, e
verificamos que nessa história os homens são mais mal educados. – disse ele.
Ou seja, os
homens vão ganhar um banheiro só para eles, porque são muito mal-educados. Mas
peraí, isso não vai justamente de encontro a própria desculpa velada do
Município para não instalar um equipamento mais sofisticado? Então, porque não
implantar banheiros ultra-modernos apenas para as mulheres, já que elas são tão
educadas a ponto de manter os mesmos intactos?
Enfim, vamos
fingir que ninguém sabe que as mulheres não urinam nas ruas por mera
“desvantagem biológica”. Os homens urinam nas ruas porque podem fazer
isso sem expor excessivamente o seu corpo, as mulheres não. Prova disso, é que
são muitos os casos de mulheres que solicitam as amigas que façam “cabaninhas”
ou “bloqueios” com o corpo para poderem urinar na rua sem se sentirem expostas.
Não se trata apenas da falta de educação, por que muitas vezes é uma questão de
extrema necessidade. A verdade é que durante o Carnaval, por exemplo, não existem
banheiros suficientes para a população! Prova disso é que muitos bares e
restaurantes cobram R$1,00 as vezes até R$ 2,00 pela utilização de banheiros (que
as vezes nem estão limpos, é bom lembrar).
Ou seja, nós
mulheres estamos duplamente prejudicadas nesse sentido. Fazer banheiros baratos
para as mulheres se torna mais difícil, então eles excluem metade da população do
projeto e brilhantemente criam o UFA! E eu penso: nossa! É muito fácil ser
inteligente e inovador assim.
E para não
pensarem que falo sem experiência própria vou logo admitindo que sou uma bexiga
solta. E pior: adoro uma cervejinha. Isso torna festividades públicas (como o
Carnaval) em um verdadeiro martírio para mim. Porque, ou eu não bebo (o que me
deixa extremamente contrariada) ou eu bebo e acabo tendo que usar banheiro
químico (que além de imundo tem filas quilométricas) ou contar com a caridade
dos donos de estabelecimentos. Ou seja, todas as opções são deprimentes. E isso
está diretamente ligado a nossa qualidade de vida! Pois urinar nas calças ou
sentir a bexiga quase explodir não pode fazer do Carnaval de ninguém um mar de
alegria. Os homens não entendem essa situação, mas eu tenho certeza que
todas as mulheres sim!
Ou seja, o UFA!
Não só é um conceito mal-idealizado para os homens como inútil para as
mulheres. Continuamos sem solução para a questão dos banheiros públicos... e
enquanto isso na Europa, algo já começa a ser feito nesse sentido. Pela minha
breve pesquisa, a França foi o país que propôs o melhor conceito de banheiro
público, segundo dados dessa matéria aqui
Isso aqui meus caros, é como um banheiro deve parecer. Inclui homens, mulheres e deficientes. Muito inovador, não acham? |
Para manter a cidade
mais limpa e auxiliar os turistas, que muitas vezes tinham que utilizar os
banheiros que são pagos dos grandes centros comerciais, museus. A prefeitura de
Paris implantou mais de 400 banheiros públicos na cidade, em 2009.
Toilettes como o da
foto acima, são de alta tecnologia e muito higiênicos. E ainda são acessíveis
para cadeirantes.
Aí fica a questão,
como um banheiro público, pode ser higiênico? Acima eu falei que eles possuem
uma alta tecnologia e é verdade. Quando o banheiro está ocupado, uma luz
vermelha fica acesa na porta e quando está livre uma luz verde ascende, as
portas são automáticas para auxiliar os cadeirantes e senhores e senhoras de
idade. Após uma pessoa sair do toilette, uma luz azul ascende na porta, é o
estágio de auto-limpeza, onde o banheiro (como o próprio nome diz) se
“auto-limpa”, a pia e o vaso são lavados e ainda são despejadas borrifadas de
perfumes pelo ambiente. A pia e o secador de mãos são automáticos, de forma a economizar
água e papel. [transcrição do site viagemeuropa]
Prefeito, eu preciso desenhar para você entender
melhor?
terça-feira, 5 de março de 2013
segunda-feira, 4 de março de 2013
sábado, 2 de março de 2013
Trio Ternura
Rosa Luxemburgo, Simone De Beauvoir e Emma Goldman dando um rolezinho na praia em 1930
para quem não conhece, essas moças foram baluartes na luta das mulheres por seus ideais.
Rosa Luxemburg doutorou-se numa época em que raríssimas mulheres iam para a universidade. Ela foi uma das poucas mulheres politicamente ativas – o preconceito contra as mulheres que desempenhavam algum papel em público era largamente disseminado nos partidos de esquerda. Era uma exilada. Apesar de sua cidadania alemã, permaneceu estrangeira aos olhos de seus inimigos políticos por ser polonesa e judia. Foi uma revolucionária de esquerda – em sua pátria de origem, a Polônia ocupada pelos russos, isso era um crime punível com a morte, e no país que adotou como seu, a Alemanha, uma razão para perseguição permanente. Foi uma mártir da revolução de novembro na Alemanha. Ela foi assassinada em 15 de novembro de 1919 por assassinos de uniforme – pessoas que pertenciam aos círculos que posteriormente apoiaram abertamente a entrega do poder a Hitler.
(Fonte:http://www.rls.org.br)
Simone de Beauvoir escritora, ícone do feminismo e filósofa integrante do movimento existencialista, se graduou em filosofia, em 1929, e lançou em 1949, sua obra-prima O Segundo Sexo, que logo se torna um clássico do movimento feminista. Seus livros enfocavam os elementos mais importantes da filosofia existencialista, revelando sua crença no comprometimento do intelectual com o tempo no qual ele vive. Na obra A Convidada, de 1943, ela aborda a degeneração das relações entre um homem e uma mulher, motivada pela convivência com outra mulher, hóspede na residência do casal. Uma de suas publicações mais conhecidas é Os Mandarins, de 1954, na qual a escritora flagra os intelectuais no período pós-guerra, seus esforços para deixarem a alta burguesia letrada e finalmente se engajarem na militância política. A autora revela também uma inquietação diante da velhice e da morte, eternizando esta preocupação em livros como Uma Morte Suave, de 1964, e Old Age, de 1970. Em A Cerimônia do Adeus, de 1981, ela narra o fim da existência de Sartre, com quem ela sempre manteve um relacionamento aberto e controvertido, pois ambos cultivavam relações com outros parceiros, e compartilhavam as experiências adquiridas neste e em outros campos da existência, em função de um pacto estabelecido entre ambos.
É dela uma das principais frases do movimento feminista: “Não se nasce mulher, torna-se mulher.”
(Fonte: http://www.infoescola.com)
Emma Goldman anarquista internacional russa se tornou a maior figura da história do radicalismo e feminismo americano (1890-1917). Cresceu em Kaliningrado, Rússia, onde teve uma limitada educação formal. Foi com seus pais para São Petersburgo (1882) e aos dezesseis anos, influenciada pelo movimento intelectual russo no sentido de ir para o povo, tornou-se operária. Emigrou para os Estados Unidos (1886), onde acompanhou as lutas operárias pelas 8 horas de trabalho, que provocaram o enforcamento dos quatro militantes anarquistas de Chicago em novembro do ano seguinte. Esse fato e a relação com ativistas como Joana Grei, J. Most e Voltarine de Cleyre, levaram-na a aderir ao movimento anarquista. Mudou-se para Nova York onde iniciou sua atividade militante e encontrou seu companheiro, Alexander Berkman. Foi presa pela primeira vez em 1893 e depois dessa muitas outras. Oradora famosa, tornou-se uma das principais agitadoras anarquistas dos EUA, tendo sido a fundadora da importante revista libertária Mother Earth. Com amiga e companheira de Alexander Berkman, lutou durante 14 anos pela sua libertação, o que só veio a ocorrer no início do século seguinte (1906). Com Berkman e mais de duzentos revolucionários, foi deportada para a Rússia (1919) após a I Guerra, de onde saiu desiludida com o autoritarismo comunista e passou a circular pela França, Espanha, Inglaterra e Canadá, fazendo conferências e denunciando a repressão que se iniciava na Rússia. Com o começo da Revolução Espanhola, foi para Barcelona (1936), percorrendo a Espanha em ações de agitação e apoio à causa revolucionária. Lutadora da causa operária e defensora dos direitos da mulher, passou resto de sua vida divulgando sua visão humanista do anarquismo e morreu aos setenta anos, em Toronto, Ontario, Canada, deixando escritos espalhados por inúmeras publicações de todo o mundo, como os livros Living My Life e Anarchism and Other Essays. Foi sepultada em Chicago junto aos militantes operários assassinados no século XIX.
(Fonte:netsaber.com.br)
A juventude: uma desconversa com os conservadores
Sem querer cag*r regra na vida de ninguém, mas tem certas coisas que não podem passar sem um comentário espirituoso. Uma dessas coisas é a música Young, Wild and Free (Wiz Khalifa, Snoop Dogg e Bruno Mars), que tem a seguinte letra:
So
what we get drunk
So
what we smoke weed
We're
just having fun
We
don't care who sees
So
what we go out
That's
how it's supposed to be
Living
young and wild and free
[...]
Saggin'
my pants not caring what I show
[...]
Keep
it player for this hoes
[...]
and
roll joints bigger than King Kong's fingers
|
E
daí se ficamos bêbado
E
daí se fumamos maconha
Estamos
só nós divertindo
A
gente não liga para quem pode ver
E
daí se nós saímos
É
assim que devem ser as coisas
Vivendo
jovem e indomado e livre
[...]
Minhas
calças caindo eu não ligo para o que está aparecendo
[...]
Continuo
um galinha para essas putas
[...]
E
enrole baseados maiores que os dedos do King Kong
|
Então tudo bem, a juventude está "perdida" desse jeito e a culpa é de quem?
Se você perguntar ao Bolsonaro ou ao Malafaia eles provavelmente vão dizer que a culpa é dos homossexuais responsáveis por desestruturar a sociedade e banalizar o consumo de drogas e o alcoolismo, porque eles são um bando de pervertidos. Ou então, se você perguntar ao Padre Ricardo ele irá culpar o feminismo, por desvirtuar as jovens garotas, que por sua vez com seu encanto demoníaco estão enfeitiçando os jovens meninos e destruindo as futuras famílias.
Se você perguntar ao Bolsonaro ou ao Malafaia eles provavelmente vão dizer que a culpa é dos homossexuais responsáveis por desestruturar a sociedade e banalizar o consumo de drogas e o alcoolismo, porque eles são um bando de pervertidos. Ou então, se você perguntar ao Padre Ricardo ele irá culpar o feminismo, por desvirtuar as jovens garotas, que por sua vez com seu encanto demoníaco estão enfeitiçando os jovens meninos e destruindo as futuras famílias.
Eu
sei que muita gente vai dizer que YWF é apenas uma música. Que não é novidade
os rappers falarem sobre prostituição, drogas, violência e dinheiro em suas
músicas. E eu concordo. Mas também sei, que nessa sociedade complexa em que
vivemos, nada é “simplesmente algo”. Cavando a base da questão, está o fato de
que para os
rappers chegarem ao ponto de compor e lançar uma música dessas é porque eles sabem
que não enfrentarão uma retaliação social... Se essa música pode ser
comercializada facilmente é porque subentende-se que o produto é aceitável e
consumível. Se não fosse assim, os empresários desses artistas nem se
arriscariam. Ou seja, todo mundo sabe que haverá identificação por parte do
público-alvo. Então a gente põe logo o Snoop Dogg e o Bruno Mars (que quase
não são famosos e que quase não alcançam ninguém com suas músicas) cantando
essa sonata de boa, como se estivessem falando de flores. E o público-alvo se
identifica. Ou seja, os jovens estão de fato fumando maconha e
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