Às vezes precisamos é de uma tarde vazia. Da completude do silêncio. Da pacífica letargia. De evoluir no nada, se espalhar pelas horas, sem fôlego sem razão, apenas se desfazer liquidamente no tempo até encontrar a paz no ócio. Se esvair em branco.
Do que a gente precisa é um pouco de humanidade
de um pouco de gentileza, para não se afogar no que nos tornamos. Uma pessoa que
se converte em ações rudes e inumanas. Uma pessoa que só pode ser resumida em
ações, porque não há voz, sentimentos ou palavras que a descrevam. Porque ela
virou pedra, ela virou pedra. Que segue rolando entre tantas outras pedras no
meio da cidade.
Nossa superioridade numérica nos fez burros e
diminutos. Não estávamos preparados para enfrentar isso. Nunca estivemos. Sermos
confrontados com a nossa estupidez e sorrir. E passar por cima: nossas rodas
rolando por cima de nossas cabeças, das cabeças alheias e sorrimos. Nós sorrimos
quando nos safamos. Nós choramos com a dor alheia. Nós não sabemos o que fazer.
De nós mesmos e com os outros. Fúteis e tolos. Belos e mortais.
Nós somos tantos em um só. E somente um, entre
tantos outros. Ficamos confusos. Ficamos sentimentais. Estamos buscando
ressarcimento pelas nossas perdas. Estamos buscando justificativa para nossos
medos e as encontramos em abundância. Mas ainda não é o suficiente. Não estamos
safisfeitos. Precisamos de algo mais para calar a voz. Para abafar o grito
interno. Para selar a paz entre nossa alma fatigada e nosso corpo fatigado: dois
lados da mesma moeda.
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