Divertido. Essa é a melhor
palavra para resumir o livro COMO SER MULHER da Caitlin Moran. Sério, ele me
rendeu várias gargalhadas explosivas no ônibus, no restaurante, no bar e até no
hospital (no finalzinho da leitura peguei dengue). Foi como fazer amor com um
palhaço, digamos assim.
Tudo bem que o livro começa
a perder força no final – talvez porque aborde aspectos mais complexos, como o
aborto e cirurgias plásticas - mas no geral ele se sai muito bem. O que ajuda
muito é que a Catlin é desbocada e honesta. Eu não encontrei nenhum livro tão
biográfico, sincero e recheado de palavrões desde o Bukowski (mas longe de mim
querer comparar). Mesmo assim, admito que muita gente não se sentirá
confortável com esse tipo de escrita - porque ela é um tanto crua. Não há espaço para
interpretação ou imaginação porque já está tudo ali: claramente escrito e
descrito nas despreocupadas palavras de Caitlin.
O mais engraçado é que o
estilo de escrita dela é bem parecido com o meu. Certas horas me peguei
pensando: “Quem roubou meu caderno de anotações?” Mas como era de se esperar a explicação
já estava pronta bem no início, pois o livro começa assim:
Wolverhampton, 5 de
abril de 1988
Aqui estou eu, no meu
aniversário de treze anos. Correndo dos Deliquentes.
“Moleque!”
“Esquisita!”
“Moleque!”
Corro dos Delinqüentes
no playground perto de casa. É um playground típico do final da década de
oitenta na Inglaterra. Nada de superfícies seguras, design ergonômico, ripas de
madeira nos bancos. Tudo é feito de concreto, garrafas de cerveja quebradas e ervas
daninhas.
A Caitlin nasceu no mesmo
dia que eu. Arianas escrevem assim, exatamente como falam e sem premeditar
nada, sem deixar muito espaço para a imaginação do leitor, a gente não dá volta
com as palavras: põe logo tudo no papel da maneira que vier, e goste quem
gostar.
Bem, para fazer os meus
apontamentos vamos primeiro ao que diz a orelha do livro:
Nesta
mistura de livro de memórias e manifesto feminista, todas podemos reconhecer
coisas que fizemos, pensamos e dissemos – mas nunca de maneira tão eloqüente
quanto Caitlin Moran faz aqui. Best-seller absoluto na Inglaterra, COMO SER
MULHER é leitura obrigatória não apenas para o suposto sexo frágil, mas para
todos os maridos, namorados, irmãos pais, tios, amigos e colegas de trabalho que
gostariam de entender um pouquinho melhor o que realmente se passa na cabeça
das mulheres
Eu não sei quem são as
pessoas responsáveis por escrever essas apresentações. Não sei se elas são
pessoas altamente desqualificadas ou apenas detestam ler livros. Porque bem,
nunca vi um resumo menos condizente com o conteúdo. E vamos aos porquês:
1) Pra
começar esse livro não é um “manifesto feminista”. Até a própria capa diz
manifesto “feminino” e não “feminista”.
Esse livro é como o grito de “Ei, sou mulher e posso me expressar como quiser, pra quem eu quiser, falando sobre coisas de mulher!”. Obviamente, que a Catlin é feminista, e se declara abertamente assim, mas esse livro não é didático ou empoderador para o feminismo, apenas para o feminino. Explico: O feminismo é uma luta, é a busca por igualdade entre os sexos. No dia que não precisarmos mais lutar por isso, o feminismo morrerá (nenhuma feminista ficará triste). No entanto, esse livro é valioso para o feminino, pois trata de questões que concernem a toda mulher, mas que não são discutidas ou levadas a sério, e sim tratadas como “triviais”, “assunto de mulherzinha”. Um bom exemplo, é que enquanto o futebol (a brincadeira Nº1 dos rapazes) é tratado como “paixão nacional” é quase um crime mencionar a palavra “menstruação” em voz alta – o que é um aspecto biológico de 52% da população. Aliais vocês já racionalizaram sobre aqueles saquinhos que tem no banheiro para despejarmos nossos absorventes? Esses dias me peguei pensando porque nós meninas somos ensinadas desde novinhas a enrolar nossos absorventes em quantidades astronômicas de papel para que eles não apareçam na lixeira, para que portanto nossos pais e/ou irmãos não tenham que se deparar com o horror do sangue menstrual. Bem, obviamente que a visão de sangue não é agradável, mas quando alguém se machuca ninguém enrola o algodão ensangüentado antes de jogar na lixeira. Ou seja, o problema é o sangue mens-tru-al à mostra. Por isso o livro da Caitlin é empoderador para o feminino, pois precisamos começar a enxergar as tais “coisas de mulher” de modo mais simples e normal. Precisamos poder falar sobre isso sem reservas ou vergonha .
Esse livro é como o grito de “Ei, sou mulher e posso me expressar como quiser, pra quem eu quiser, falando sobre coisas de mulher!”. Obviamente, que a Catlin é feminista, e se declara abertamente assim, mas esse livro não é didático ou empoderador para o feminismo, apenas para o feminino. Explico: O feminismo é uma luta, é a busca por igualdade entre os sexos. No dia que não precisarmos mais lutar por isso, o feminismo morrerá (nenhuma feminista ficará triste). No entanto, esse livro é valioso para o feminino, pois trata de questões que concernem a toda mulher, mas que não são discutidas ou levadas a sério, e sim tratadas como “triviais”, “assunto de mulherzinha”. Um bom exemplo, é que enquanto o futebol (a brincadeira Nº1 dos rapazes) é tratado como “paixão nacional” é quase um crime mencionar a palavra “menstruação” em voz alta – o que é um aspecto biológico de 52% da população. Aliais vocês já racionalizaram sobre aqueles saquinhos que tem no banheiro para despejarmos nossos absorventes? Esses dias me peguei pensando porque nós meninas somos ensinadas desde novinhas a enrolar nossos absorventes em quantidades astronômicas de papel para que eles não apareçam na lixeira, para que portanto nossos pais e/ou irmãos não tenham que se deparar com o horror do sangue menstrual. Bem, obviamente que a visão de sangue não é agradável, mas quando alguém se machuca ninguém enrola o algodão ensangüentado antes de jogar na lixeira. Ou seja, o problema é o sangue mens-tru-al à mostra. Por isso o livro da Caitlin é empoderador para o feminino, pois precisamos começar a enxergar as tais “coisas de mulher” de modo mais simples e normal. Precisamos poder falar sobre isso sem reservas ou vergonha .
2) "COMO SER MULHER é leitura obrigatória
não apenas para o suposto sexo frágil” – é
uma péssima frase para ser empregada no resumo desse livro. Por causa de todo o contexto
que impregna a obra do começo ao fim, simplesmente não cabe utilizar uma
expressão tão batida e pejorativa para se referir as mulheres (mesmo com a
palavra “suposto” na frente), eles poderiam simplesmente ter escrito “mulheres”
ou “meninas”. Ou seja, eu duvido que quem escreveu isso leu o livro. Ou se leu, não pegou bem o espírito da coisa!
3) Não acho que esse livro seja leitura
obrigatória para os homens. Aliais, não vejo porque qualquer homem deveria
lê-lo. A maior parte da graça dele consiste em ser escrito por uma mulher para
outras mulheres. As piadas tem graça porque eu ENTENDO o que ela está dizendo,
eu COMPARTILHO os sentimentos. Como eu disse, o livro é empoderador para o
feminino, não para o masculino. Penso, que se no momento atual um homem comum
lesse esse livro, não conseguiria atingir o espírito da coisa. Seria como uma
menina ler sobre “ejaculação precoce”, “minha paixão pelos esportes” ou “o
nascimento do meu bigode”. Até pode ser legal para matar a curiosidade sobre
como é se transformar em homem, mas definitivamente não despertará um
sentimento de solidariedade. Não que os homens não devam ler se quiserem, acho
que talvez eles compreendam muitos dos nossos dilemas, mas daí a dizer que é
“leitura obrigatória” já força a barra. Aliais,
NENHUM livro é leitura obrigatória para ninguém.
Bem, não há muito mais o
que resenhar. Então eu apresento a vocês os capítulos do livro. Em cada um
deles Caitlin faz uma descrição bem humorada e leve das suas experiências e
impressões sobre como é se tornar mulher. Enfim, vale lembrar que o livro não é um manual ou
resumo, afinal: cada mulher é um ser humano único e
inigualável. Assim como os homens também são!
Prólogo – O pior aniversário de todos os tempos
01. Começo a sangrar!
02. Fico peluda!
01. Começo a sangrar!
02. Fico peluda!
03. Não sei como chamar
meus seios!
04. Sou feminista!
05. Preciso de um sutiã!
06. Sou gorda!
07. Descubro o machismo!
08. Estou apaixonada!
09. Vou a um clube de
striptease!
10. Eu me caso!
11. Entro na moda!
12. Por que ter filhos
13. Por que não ter filhos
14. Modelos de
comportamento e o que fazer com eles
15. Aborto
16. Intervenção
16. Intervenção
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